MARCELA GODOY


Nov 23, 2008

Hoje é dia de Fuvest

Minha modesta homenagem (e os mais sinceros votos de boa sorte) aos vestibulandos de todo o Brasil.

Era uma vez...
Não. Não era não. Ainda é.
O q...
Está sendo, inclusive. Corforme estamos falando, sabe?
Quem?...
Não interessa. Você não quer escrever ‘histórias horrorosas’? Aí está... Pode começar
por essa aqui. “O dia em que a mão alheia te possuiu e você começou a escrever um conto terrivelmente horroroso sobre possessão por personalidades desconhecidas”...
Não pode ser possessão por celebridades? Personalidades desconhecidas não vendem muito bem...
Escute, isso é alguma piada ou você realmente não entendeu que eu falava de outras pessoas que fazem parte da sua pessoa?
E – TA – PA... Mais de você em você mesmo...
Definitivamente, eu, uma personalidade maléfica habitante dos confins da sua existência, tomei o controle sobre o seu lado mais cretino...
Eu estava indo muito bem até agora.
Você escreveu só uma frase! E ainda por cima, é o chavão mais conhecido da literatura mundial!
E você nunca vai saber o que aconteceria depois disso...
É. É frustrante mesmo. Terrivelmente frustrante. Anos e anos esperando o momento certo, o dia perfeito...
Que “personalidade maléfica” escolhe um domingo de sol pra se manifestar?
Chama-se ‘efeito surpresa’ e serve para assustar.
No dia da Fuvest?
Tem Fuvest hoje?
Você acha mesmo que consegue concorrer com a USP?! Com a Santa Casa?!
Poxa, aí você pegou pesado... Como é que eu ia saber? Mas também? Você senta aí com todo jeito de quem vai escrever de verdade...
E começo com “era uma vez”? Você bem que podia ter desconfiado que havia alguma coisa errada. Mas já chega assim, toda cheia de preconceito com meu ‘era uma vez’... Podia pelo menos ter perguntado: “Po, Marcela, era uma vez? Era uma vez por que? Está tudo bem? O que está acontecendo? Não vem nada melhor? Você quer conversar sobre isso? Tenta mais tarde... Amanhã...”, mas não...
Ah... Eu realmente não sabia...
Pô, tem Fuvest hoje...
Olha, eu nem sei o que dizer...
Então não diz nada, né? Tem que respeitar o dia. Valorizar a barrinha de ceral, o apontador de lápis...
Desculpe...
Hoje é um dia de concentração, de muita, muita oração... Não é um dia pra ficar aí falando mal de 'era uma vez'... Podia ser o tema da redação! E se fosse o tema da redação? Você ia ficar aí desmerecendo o era uma vez? Ia?
Não... Não ia, não... Olha, eu sinto muito, viu?
Melhor você voltar outra hora, sabe... De preferência depois da segunda fase..
Uh! Nem me fale! tem segunda fase ainda!
Xii! Aquilo ali não é pra qualquer personalidade não! Maléfica, benéfica, sem-sal-léfica...
Provinha horrorosa, né?
Pois é...
É a história todinha pronta: Começo, meio e fim. “Hoje é dia de Fuvest!” Pronto. Disse tudo.
Agora você me entendeu...
Sabe que me deu um medo danado?...
Sério?
Não sei... Um negócio esquisito, uma quentura... Acho melhor eu voltar lá pros confins da coisa toda mesmo, viu?... Esperar passar a correção pelo menos...
Começa às seis e meia.
Seis e meia?
Em ponto.
Eu volto.
Volta mesmo?
Pra dar uma força. Seis e meia?...
Isso.
Fuvest...
Uhhh! Fuvééésssstttt!!!!
Minha nossa... História horrorosa!