MARCELA GODOY


Oct 22, 2006

Só um breve comentário de domingão à tarde...

Já sabemos que a elite branca e má do Brasil (como disse o governador Cláudio Lembo) é também a detentora dos meios de comunicação de massa. Seu cinismo e sarcasmo se valem de tal maneira do despreparo político dos brasileiros, que a pobreza ganhou viés cultural na TV. Afinal, só mesmo um país política e ideologicamente imaturo para dar bons índices de audiência a um programa como o "Central da Periferia" da Rede Globo, que, usando de todo bom humor de Regina Casé, transfigurou a pobreza e a favela em cultura, não em problema social. Para mim, isso, por si só, já explica e existência de Veja e tantos outros.

O que não é compreensível é a parcialidade de um órgão que - por definição - deve ser absolutamente imparcial: a justiça.

Nada me assusta mais do que ver o TSE acatar todas as solicitações feitas pelo PSDB e ignorar completamente aquelas do PT. Por que só os ministros do governo são submetidos à lei? Tenho medo de uma Justiça Eleitoral comandada por um homem claramente parcial num mérito que é indiscutivelmente o mais profundo de todos aqueles que hoje estão em pauta: o exercício da democracia! Como podemos acreditar que exista democracia num país em que o ministro do TSE toma partido literalmente?

Como se não bastasse, graças à animosidade criada pela oposição, nós - que orientamos o voto ideologicamente - somos chamados de quadrilha, de bando, de nomes impensáveis. Não temos a chance sequer de dizer "Não sou petista, não sou lulista. Meu voto é ideológico." Não. As portas estão fechadas para discussões teóricas; enfim, para discussões racionais. O discurso político virou "briga de torcida organizada". Sites de relacionamento, como o Orkut, viraram uma zona de guerra virtual. O discurso não tem qualquer fundamento teórico-ideológico, mas é regrado pela troca de ofensas que expõe - precoupantemente - a natureza preconceituosa de nosso eleitorado. Qualquer tentativa de conduzir a discussão por vias racionais acaba numa pancadaria sem igual. Chega a nos deixar sem graça a maneira com a qual os internautas se comportam diante de qualquer tentativa de conversa mais civilizada, como se a pedrada virtual não doesse também.

A surra vem de todos os lados.

A verdade é que estamos diante de um golpe que certamente nos faz lembrar 1964, mas pelo menos naquele momento, o inimigo se apresentava de fato, de farda, sabíamos exatamente de quem se tratava. E agora? Agora ele se veste de "casal telejornal". Ou finge ser uma pessoa qualquer, uma pessoa "de bem", o voto "não" do referendo.

Parabéns para a geração "Xou da Xuxa", que aprendeu direitinho como brincar de "macaco mandou". E agora faz exatamente o que o macaco vem mandando... Para o circo ficar completo, só falta os neoconservadores gritarem (com Alckmin de bonezinho azul e amarelo): "Direitas Já!"

E a 'raça superior' dos paulistas, tão preocupados com a "falta de ética","corrupção" e "banditismo" na política, poderia nos dar uma explilcação lógica e plausível para o fato de Paulo Maluf ter sido o Deputado Federal mais votado em São Paulo.